Brasil
Caso do Porsche: delegado que cobrou imagens de PMs é afastado
Nelson Alves apurava causas e eventuais responsabilidades pelo acidente que deixou um morto e um ferido no mês passado em SP. Delegado Milton Burguese assume a investigação. SSP alega ‘mudança administrativa’ e nega afastamento.
O delegado Nelson Alves foi afastado nesta quinta-feira (18) do inquérito que investigava as causas e eventuais responsabilidades pelo acidente com o Porsche que deixou uma pessoa morta e outra ferida no mês passado, na Zona Leste de São Paulo. Ele foi transferido do 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, para o 81º DP, Belém.
A mudança ocorre após críticas internas e externas contra o delegado na condução do inquérito que apura as causas e eventuais responsabilidades pelo acidente ocorrido em 31 de março na Avenida Salim Farah Maluf. E depois também de o 30º DP cobrar que a Polícia Militar (PM) entregue imagens de câmeras corporais usadas pelos policiais militares que atenderam a ocorrência.
O delegado confirmou nesta sexta-feira (19) sua saída do caso e do DP do Tatuapé. Entretanto, disse desconhecer os motivos. “Ninguém sabe, só cumpro ordens”, comentou Nelson.
O inquérito do caso do Porsche ainda não foi concluído. Quem assume a investigação é o delegado Milton Burguese, que estava no 81° DP. Ele também irá presidir outros inquéritos contra o crime organizado.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) negou que Nelson tenha sido afastado do caso. Por meio de nota, a pasta informou que “ocorreu uma mudança administrativa” na qual o delegado Milton foi para o 30° DP “por ter experiência em apurações de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro”.
“A unidade vem desenvolvendo investigações complexas contra membros de uma facção criminosa que atua em várias regiões do Estado, motivo pelo qual se faz necessária a experiência do delegado citado. A investigação sobre a morte do motorista de aplicativo foi conduzida pelo delegado Nelson Alves e está em fase final para ser relatado à Justiça”, informa o comunicado da SSP.
Críticas e body cams
A defesa dos investigados chegou a informar no processo judicial que foram vazadas informações sigilosas do inquérito à imprensa. O caso está em segredo de Justiça. Segundo fontes da reportagem, Nelson foi questionado por seus superiores a respeito disso, mas negou ter divulgado algum conteúdo do inquérito.
Nelson também havia solicitado à Polícia Militar que entregasse as imagens das câmeras corporais que os agentes usaram para gravar atendimento e socorro às vítimas da batida. O pedido foi reforçado na Justiça no início de abril, pelo delegado Marcos Casseb, titular do 30°DP.
A PM ainda não entregou para a delegacia que investiga o caso as gravações das body cams dos policiais militares que atenderam a ocorrência. De acordo com fontes da reportagem, a cobrança dessas imagens na Justiça teria incomodado a Polícia Militar.
Álcool e velocidade
O acidente entre o Porsche e o Sandero foi gravado por câmeras de segurança. Segundo testemunhas, o condutor do carro de luxo dirigia em alta velocidade. O limite para a via é de 50 km/h.
O amigo do empresário, o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha, estava no banco do carona do Porsche e ficou ferido no acidente. Ele e namorada contaram à Polícia Civil que Fernando havia bebido antes de dirigir. O empresário nega.
As filmagens das câmeras corporais dos PMs são importantes para ajudar os investigadores a esclarecer algumas dúvidas. Uma delas é se foi mesmo a Polícia Militar que liberou Fernando para deixar o local do acidente sem fazer o teste do bafômetro. E ainda se o empresário tinha sinais de embriaguez, como disseram algumas testemunhas.
Questionada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública respondeu que as imagens serão fornecidas pela PM, “como de costume, para a análise da Polícia Civil. As investigações do caso seguem em andamento, sob segredo de Justiça”.
Paralelamente, a Corregedoria da PM apura se os agentes falharam por não terem feito o teste do bafômetro em Fernando e deixado o motorista do Porsche ir embora do local do acidente.

Apesar de a Justiça ter negado dois pedidos da Polícia Civil para prender Fernando, determinou que ele pagasse uma fiança de R$ 500 mil (para garantir futuros pagamentos de pedidos de indenizações à família de Ornaldo e a Marcus), além de suspender a carteira de motorista dele e obrigá-lo a entregar o passaporte na Polícia Federal (PF).
A defesa de Fernando alega que o acidente foi uma “fatalidade”. Procurada para comentar os depoimentos de Marcus e da namorada dele, a advogada Carine Acardo Garcia respondeu que “nos parece que a informação foi de que ingeriram drinque muitas horas antes do acidente”.
“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu em seu Instagram, Luam Silva, filho do motorista por aplicativo Ornaldo, morto no acidente.
Brasil
Deputado José Airton destaca compromisso climático em participação ativa na COP30
O deputado federal José Airton Cirilo participou de uma das etapas preparatórias da COP30, realizada em Belém do Pará, reforçando seu envolvimento nas discussões internacionais sobre políticas climáticas. Sua presença no Fórum de Parlamentares da União Interparlamentar (UIP) evidencia o papel estratégico do Parlamento brasileiro na formulação de diretrizes para enfrentamento da crise climática — tema central para o futuro econômico, social e ambiental do país.
Durante a reunião, parlamentares de 47 países aprovaram um documento com 25 diretrizes essenciais para combater os efeitos do aquecimento global. O texto reconhece que a crise climática representa uma ameaça existencial, com impactos diretos sobre a segurança alimentar, hídrica, energética, a infraestrutura nacional, o sistema financeiro e, principalmente, os direitos humanos.
Entre os pontos defendidos e discutidos, destacam-se:
Transição energética justa e inclusiva, com redução gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis — como petróleo, carvão e gás natural — e incentivo ao crescimento das energias renováveis.
Fortalecimento dos planos de adaptação climática, com atenção especial às populações mais vulneráveis aos eventos extremos.
Valorização dos conhecimentos indígenas e tradicionais, reconhecendo sua importância na conservação da biodiversidade.
Incorporação do risco climático nas decisões públicas e ampliação do papel dos bancos multilaterais no financiamento de ações sustentáveis.
Reconhecimento do ecocídio como crime internacional e proteção aos defensores do meio ambiente.
Promoção da pesquisa, inovação e uso da inteligência artificial na busca de soluções para a crise climática.
Combate à desinformação climática, considerada um dos grandes desafios contemporâneos.
A presença de José Airton no evento reforça seu compromisso com o debate global e com a construção de políticas públicas que alinhem o Brasil aos principais esforços internacionais de mitigação e adaptação climática. Para ele, participar das discussões da COP30 significa ampliar a voz do Nordeste e defender uma agenda climática que considere as desigualdades regionais, a vulnerabilidade de comunidades tradicionais e a necessidade de desenvolvimento sustentável.
- Com a Amazônia como palco dessa edição histórica, a participação do parlamentar ganha ainda mais relevância. Além de acompanhar as negociações, José Airton contribui para assegurar que o Brasil exerça liderança nos compromissos ambientais e que as ações adotadas cheguem de forma concreta à vida da população.
Brasil
PF INVESTIGA FRAUDE DE R$ 12 BILHÕES NO BANCO MASTER
A Polícia Federal deflagrou uma operação para apurar um suposto esquema de fraude financeira envolvendo o Banco Master, cujo prejuízo pode chegar a R$ 12 bilhões. A investigação aponta para a emissão irregular de títulos de crédito e movimentações consideradas atípicas, o que teria causado um rombo significativo na instituição.
A polícia federal prendeu na segunda-feira (17) Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no aeroporto de Guarulhos. Ele estava tentando fugir em um avião particular para Malta, país na Europa.
Durante as buscas, agentes da PF apreenderam R$ 1,6 milhão em espécie na casa de um dos investigados. As autoridades também cumpriram mandados de prisão contra executivos do banco, incluindo o proprietário da instituição. A operação busca identificar a extensão das irregularidades e recuperar valores desviados.
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master após identificar fragilidades graves na condução das atividades financeiras. A medida tem como objetivo preservar o sistema financeiro e permitir que um interventor analise as contas, contratos e a real dimensão das perdas.
De acordo com a PF, o esquema se baseava na criação e negociação de títulos sem lastro, prática que teria se repetido por anos. A suspeita é de que o dinheiro movimentado abastecia empresas do mesmo grupo econômico, aprofundando o prejuízo e mascarando a real situação financeira do banco.
A investigação também levanta dúvidas sobre a atuação de sócios e gestores que tinham acesso direto às operações internas. Os agentes afirmam que há indícios de fraude estruturada, com participação ativa da alta direção e uso de empresas paralelas para ocultar recursos.
A PF reforça que a operação faz parte de uma estratégia mais ampla de combate a crimes contra o sistema financeiro, com foco na descapitalização de grupos que utilizam estruturas bancárias para praticar golpes. Segundo os investigadores, novas fases da operação não estão descartadas.
O Banco Central deverá apresentar relatórios detalhados sobre a situação do Master nas próximas semanas, enquanto a PF segue analisando documentos, contratos e fluxos financeiros. O desfecho do caso dependerá da conclusão das perícias, do rastreio dos valores e da responsabilização civil e criminal dos envolvidos.
Brasil
Planalto avalia encerrar a “taxa das blusinhas”
O Palácio do Planalto discute internamente a possibilidade de revogar o imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, conhecido como “taxa das blusinhas”. A medida, criada como forma de controle e arrecadação sobre produtos adquiridos em plataformas estrangeiras, voltou ao centro das negociações após novas pressões políticas e econômicas.
A discussão ocorre em meio à aproximação do ciclo eleitoral de 2026. Fontes próximas ao governo afirmam que a revogação é tratada como uma alternativa estratégica para reduzir desgaste junto ao público que mais utiliza sites como Shein, Shopee e AliExpress. O tributo foi alvo de críticas desde que entrou em vigor, sobretudo por atingir consumidores de baixa renda que buscam itens de menor valor.
Atualmente, além do imposto federal de 20%, essas compras continuam sujeitas ao ICMS estadual, que varia entre 17% e 20% conforme cada unidade da Federação. Mesmo que o governo federal elimine a taxa, a cobrança estadual permaneceria, o que significa que o custo final ao consumidor não seria totalmente zerado.
Criada como forma de supostamente equilibrar a concorrência entre varejistas nacionais e plataformas internacionais, a taxa se transformou em um divisor de opiniões. Parte do comércio brasileiro sustenta que o tributo reduz a desigualdade competitiva, já que empresas nacionais enfrentam maior carga tributária. Por outro lado, parlamentares e entidades de defesa do consumidor afirmam que a medida penaliza apenas quem compra produtos de baixo custo.
O Planalto avalia os impactos fiscais de uma mudança. A retirada da taxa significaria abrir mão de uma fonte relevante de recursos, em um momento em que o governo busca recompor receitas e cumprir metas fiscais.
O debate dentro do governo tem um componente político claro. A avaliação no Planalto é que uma medida de apelo popular poderia ajudar a melhorar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reta final de 2025, período considerado decisivo para o início da pré-campanha. Auxiliares admitem que o fim da taxa serviria como gesto simbólico para impulsionar a aprovação do petista antes de entrar no ano eleitoral, no qual ele já confirmou que tentará permanecer no cargo.
