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“Golpe é abominável”: Bolsonaro adota tom pacificador em depoimento a Moraes

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Jair Bolsonaro reapareceu em cena com um discurso surpreendentemente brando. Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente negou qualquer intenção golpista em seu governo e tratou o tema com cordialidade, até mesmo trocando piadas com o magistrado. “Golpe é uma coisa abominável”, disse, em contraste com anos de flertes com a ditadura militar de 1964.

Em uma fala cuidadosamente calibrada, Bolsonaro reconheceu que discutiu “alternativas” após sua derrota eleitoral, mas garantiu que jamais cogitou levar adiante uma ruptura institucional. Referindo-se ao documento que previa a prisão de autoridades — uma das peças centrais da investigação —, ele afirmou ter descartado a ideia. Segundo ele, “o after day é que é simplesmente imprevisível e danoso para todo mundo”.

O tom conciliador incluiu também uma tentativa de reescrever sua própria narrativa sobre as urnas eletrônicas. “Nunca fiz ataques, fiz críticas”. A retórica de confronto deu lugar a uma versão domesticada de si mesmo: “Joguei dentro das quatro linhas o tempo todo”. Ao longo do depoimento, Bolsonaro tentou blindar sua imagem de qualquer vínculo direto com as movimentações golpistas, enquanto suavizava sua retórica, fez questão de se colocar como defensor da ordem: “Repudiamos tudo isso aí”, disse, mirando um reposicionamento público e jurídico.

Mesmo diante da insistência dos investigadores sobre sua responsabilidade moral nos atos antidemocráticos, Bolsonaro tratou os eventos do 8 de janeiro como uma iniciativa isolada de “malucos que defendem o AI-5”, dissociando-se por completo da articulação dos ataques. “Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto”, afirmou, referindo-se a um vídeo publicado por ele pedindo a liberação de estradas. O ex-presidente reforçou que os comandantes das Forças Armadas jamais embarcariam em aventuras autoritárias por pressão popular.

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Setores metalúrgico e pesqueiro lideram exportações do Ceará aos EUA e podem ser os mais atingidos por tarifa de Trump

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O Ceará exportou cerca de R$ 3 bilhões para os Estados Unidos entre janeiro e maio de 2025, consolidando o país como principal destino das vendas internacionais do estado. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que dois setores concentram a maior parte dos embarques: a indústria metalúrgica e a cadeia pesqueira. Uma nova tarifa de 50%, anunciada por Donald Trump e com previsão de entrada em vigor em agosto, pode afetar diretamente esses segmentos.

Os produtos semimanufaturados de outras ligas de aço lideram a pauta exportadora, somando R$ 1,3 bilhão em valor e 341 mil toneladas embarcadas. Em seguida, vêm outros produtos de ferro ou aços não ligados, que movimentaram R$ 1 bilhão e 336 mil toneladas. Juntos, esses dois grupos respondem por mais de 75% de tudo que o Ceará exportou para os EUA no período. Com a nova tarifa, o aumento de custo para o comprador americano pode inviabilizar contratos e diminuir drasticamente a demanda.

O terceiro item mais exportado foi peixe, com R$ 90 milhões em vendas e 1,6 mil toneladas. O setor pesqueiro e a carcinicultura (cultivo de camarões), bastante ativos no litoral cearense, são altamente dependentes do mercado americano. Como produtos perecíveis, peixes e camarões têm pouca margem para redirecionamento rápido a outros destinos, o que agrava a vulnerabilidade do setor frente a medidas comerciais abruptas.

Outros produtos também presentes na pauta, embora em menor escala, incluem sucos (R$ 83 milhões), ceras vegetais (R$ 62 milhões), castanha de caju (R$ 60 milhões) e calçados de borracha ou plástico, com apenas R$ 1 milhão exportado. Esses segmentos podem sofrer menos com a nova tarifa, tanto pelo volume menor, quanto pela maior flexibilidade logística ou por já operarem em mercados diversos.

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) acompanha com preocupação os desdobramentos. A entidade já iniciou articulações com o governo federal e com empresas exportadoras para buscar alternativas. A principal estratégia em discussão é a diversificação de mercados, com foco na União Europeia, países asiáticos e Oriente Médio — regiões que já mantêm relações comerciais com o Ceará, mas ainda com menor participação.

O governo brasileiro também monitora o caso e aguarda a publicação oficial da lista de produtos tarifados. O Itamaraty não descarta acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), mas a prioridade, segundo integrantes da equipe econômica, é buscar uma solução diplomática antes de adotar medidas retaliatórias. Entidades do setor privado, como a Abag e a CNI, reforçaram esse apelo.

Para o economista Ricardo Viana, o impacto é grave não apenas pelo valor das exportações, mas pela dependência setorial que o Ceará desenvolveu em relação ao mercado norte-americano. “É um risco de concentração. O estado precisa proteger suas cadeias produtivas e investir em acordos bilaterais próprios”, alerta. Ele destaca que as perdas podem afetar emprego e arrecadação em regiões como o entorno do Porto do Pecém e o litoral oeste.

Enquanto isso, empresas cearenses começam a revisar contratos, adiar embarques futuros e acelerar estudos logísticos para ampliar a atuação em outros continentes. Com a tarifa prevista para agosto, o tempo é curto para adaptação. Analistas preveem queda significativa nos embarques cearenses aos EUA no segundo semestre de 2025, caso a tarifa seja mantida.

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Júnior Mano nega envolvimento direto em esquema de desvio de emendas e diz confiar na Justiça

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A Polícia Federal investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos envolvendo o deputado federal cearense Júnior Mano. Conforme a Operação Underhand, o parlamentar teria liderado uma organização criminosa que cobrava entre 12% e 15% sobre emendas parlamentares liberadas para prefeituras — o chamado “pedágio”.

A operação foi deflagrada no dia 8 de julho e cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em cidades do Ceará e no Distrito Federal. A ação contou com autorização do Supremo Tribunal Federal, que também determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas dos investigados para garantir eventual ressarcimento aos cofres públicos.

De acordo com a investigação, Júnior Mano atuava como operador ativo do esquema, articulando a escolha dos municípios beneficiados com emendas, a liberação dos recursos e a cobrança dos percentuais desviados. As mensagens interceptadas mostram que ele mantinha contato direto com prefeitos, assessores e empresários envolvidos.

O prefeito de Choró, Bebeto Queiroz, apontado como um dos articuladores do esquema, está foragido. Em conversas obtidas pela Polícia Federal, ele e um assessor de Júnior Mano tratam sobre o repasse de 12% dos valores enviados às prefeituras. A ex-prefeita de Canindé também relatou que foi procurada para devolver 15% dos recursos recebidos via emenda.

As investigações apontam que parte do dinheiro era repassada por meio de empresas de fachada, contratadas para simular prestação de serviços. Entre 2023 e 2025, essas empresas movimentaram aproximadamente R$ 455 milhões, sendo cerca de R$ 92 milhões em recursos federais destinados por emendas parlamentares.

A estrutura criminosa envolvia ainda operadores financeiros e empresas com contratos firmados por meio da Caixa Econômica Federal. Os repasses, segundo os investigadores, eram condicionados à devolução de parte dos valores, o que caracteriza desvio de finalidade no uso das verbas públicas.

Em nota, Júnior Mano afirmou que não participa diretamente de licitações, contratos ou fiscalizações municipais, limitando seu papel à destinação de emendas. Ele declarou confiar nas instituições e aguardar que a verdade dos fatos prevaleça.

Além do crime de organização criminosa, os investigados podem responder por corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e captação ilícita de recursos eleitorais. A Polícia Federal também apura se parte dos valores foi usada para financiar campanhas e comprar apoio político.

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Turista estrangeiro cai em golpe de R$ 3 mil ao comprar caipirinha em Copacabana

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Um ambulante foi preso em flagrante no último sábado (21) após aplicar um golpe de R$ 3 mil em um turista estrangeiro na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. O homem vendia caipirinhas de forma irregular quando induziu a vítima a realizar múltiplas tentativas de pagamento com cartão. A cada “falha” simulada na maquininha, um novo valor era descontado. O turista só percebeu o prejuízo mais tarde, ao checar o extrato.

Segundo a Polícia Civil, o autor do golpe foi identificado como Júlio César de Almeida Barreto. Ele foi detido por agentes da 12ª DP (Copacabana), mas estava acompanhado de um comparsa, que conseguiu fugir. O segundo suspeito já foi identificado, mas segue foragido. A dupla teria se aproveitado do movimento intenso na praia e da distração da vítima para concluir as transações sem levantar suspeitas imediatas.

O golpe escancarou, mais uma vez, a fragilidade da fiscalização nas praias cariocas. A venda de bebidas alcoólicas por ambulantes irregulares não é novidade em Copacabana, mas a ousadia no valor cobrado chamou atenção. O turista pagou o equivalente a um jantar de luxo por uma única caipirinha vendida sem autorização sanitária ou comercial. A cena, infelizmente, não é isolada — turistas seguem sendo alvos fáceis em um dos principais cartões-postais do país.

A prisão preventiva do ambulante já foi decretada. Ele deve responder por furto qualificado mediante fraude, crime que pode resultar em pena de até oito anos de prisão. A polícia agora investiga se há outros envolvidos em esquema semelhante atuando na região. A suspeita é que esses golpes sejam articulados entre pequenos grupos que operam informalmente e se aproveitam da alta temporada para lucrar com crimes silenciosos.

O caso gerou indignação entre moradores e comerciantes regulares, que cobram medidas mais rígidas para coibir a ação de estelionatários nas praias. Para eles, a falta de fiscalização afeta tanto a imagem da cidade quanto a segurança dos próprios trabalhadores honestos. Já para turistas, o episódio serve de alerta: nem tudo o que parece inofensivo à beira-mar vem sem armadilha.

A Delegacia de Copacabana segue com as investigações e reforçou o pedido para que vítimas de casos semelhantes compareçam à unidade policial. A prática de fraudes com maquininhas de cartão tem sido recorrente em pontos turísticos do Rio, principalmente durante fins de semana e feriados. Enquanto isso, o golpe da caipirinha deixa mais uma marca na reputação de uma cidade que deveria brindar visitantes com hospitalidade — e não com prejuízo.

 

 

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