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Fraude milionária: prefeito de Macapá, um dos mais votados do país, é alvo da PF

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O prefeito de Macapá (AP), Dr. Furlan (MDB), foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira, 3, na operação Paroxismo, que revelou indícios de um esquema milionário envolvendo a construção do Hospital Geral Municipal. 

 

A obra investigada começou a ser contratada em maio de 2024. O contrato, no valor de R$ 69,3 milhões, previa a construção de uma unidade de saúde com 176 leitos e maternidade, em um terreno de mais de 12 mil metros quadrados na Zona Norte da capital. Para os investigadores, os indícios apontam que parte desses recursos teria sido desviada por meio de acordos fraudulentos entre empresários e agentes públicos ligados à prefeitura.

 

Durante a operação, a Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Macapá e mais dois em Belém, no Pará. As medidas foram autorizadas pela Justiça após a coleta de provas que sugerem um esquema estruturado para favorecer empresas em contratos públicos. Documentos, computadores e celulares foram apreendidos com o objetivo de rastrear as movimentações financeiras e identificar o caminho do dinheiro.

 

Um dos episódios que mais chamaram atenção foi o flagrante envolvendo o motorista do prefeito. De acordo com a investigação, ele recebeu um grande volume de dinheiro em espécie, guardado em um saco, supostamente destinado ao próprio prefeito. As imagens registradas pela Polícia Federal reforçaram as suspeitas sobre o esquema e ampliaram a pressão política sobre a administração municipal.

 

Além do motorista, outro personagem central da investigação é o empresário Rodrigo de Queiroz Moreira. Ele foi preso em flagrante durante a operação, acusado de tentar obstruir a Justiça. Segundo a PF, Rodrigo apresentou informações falsas sobre seu paradeiro e ainda tentou se desfazer do celular, atitude considerada uma tentativa clara de ocultar provas. A suspeita é de que ele seria o responsável por sacar grandes quantias e entregá-las ao grupo ligado ao prefeito.

 

A operação também busca entender como funcionava a dinâmica do suposto esquema. As suspeitas apontam que empresas ligadas ao grupo investigado foram beneficiadas em licitações e, em troca, parte do dinheiro retornava em forma de propina. A Polícia Federal afirma que há provas suficientes para indicar a existência de um “ciclo de repasses” que envolvia empresários, servidores e auxiliares diretos do prefeito.

 

O Hospital Geral Municipal, que deveria ser uma das maiores obras de saúde pública do Amapá, virou o símbolo da crise política local. A unidade, anunciada como prioridade para ampliar o atendimento na Zona Norte de Macapá, agora está no centro de uma denúncia de corrupção. Para a população, que aguardava a conclusão do projeto, a notícia representa mais uma frustração diante da falta de estrutura hospitalar.

 

A indignação aumenta porque o prefeito Antônio Furlan foi reeleito em 2024 com 204.291 votos, o equivalente a 85,08% dos eleitores, o maior percentual entre os prefeitos de capitais do país — resultado que refletia, até então, uma confiança quase unânime da população.

 

Até o momento, o prefeito Antônio Furlan não foi preso. A investigação segue em andamento, com análise de documentos e perícia nos materiais apreendidos. A Polícia Federal não informou prazo para conclusão do inquérito, mas reforçou que novas medidas cautelares não estão descartadas.

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