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Politica

Bolsonaro é condenado a 27 anos e 3 meses de prisão — entenda o julgamento no STF

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O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta semana o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado, além de multa equivalente a 124 dias-multa, cada um calculado em dois salários mínimos. A decisão foi tomada pela Primeira Turma da Corte, em um julgamento histórico que também resultou na condenação de outros sete réus.

Bolsonaro recebeu a pena mais pesada, considerado pelos ministros como o líder político da articulação golpista que buscou manter-se no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022. Para a maioria dos magistrados, as provas reunidas — incluindo mensagens de celular, depoimentos e a delação premiada de Mauro Cid — demonstram que houve uma tentativa deliberada de corroer as instituições democráticas e de criar as condições para uma ruptura institucional, culminando nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Como votaram os ministros

O julgamento começou com o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, que apresentou um longo relatório detalhando as evidências contra Bolsonaro e seus aliados. Segundo Moraes, houve um “plano consciente e estruturado” para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, envolvendo tanto lideranças políticas quanto militares próximos ao então presidente.

Na sequência, o ministro Flávio Dino acompanhou integralmente o relator. Dino ressaltou que o conjunto probatório não deixava dúvidas sobre a intenção dos acusados em fraudar a vontade popular expressa nas urnas.

A divergência surgiu com Luiz Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro. Para ele, não houve atos concretos que configurassem tentativa de golpe, apenas discussões políticas internas que não chegaram a se materializar. Apesar disso, Fux defendeu a condenação de alguns réus, como Mauro Cid e Braga Netto, pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O julgamento ganhou caráter decisivo com o voto da ministra Cármen Lúcia, que rejeitou todos os argumentos das defesas. Para ela, houve “articulação consciente e deliberada” dos acusados para subverter a Constituição. A ministra afirmou que não houve cerceamento de defesa, que as provas eram válidas e que a competência do STF estava preservada mesmo após os réus perderem os cargos públicos.

Por fim, o presidente da Turma, Cristiano Zanin, também acompanhou o relator, consolidando o resultado final em 4 votos a 1 pela condenação.

Quais crimes foram imputados

Todos os oito réus foram condenados pelos mesmos cinco crimes considerados gravíssimos contra a ordem democrática:

Golpe de Estado — tentativa de tomar ou manter o poder por meios ilegais e violentos;

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito — atos para inviabilizar o funcionamento regular das instituições;

Organização criminosa armada — estrutura organizada para executar crimes contra o Estado;

Dano qualificado contra patrimônio da União — destruição de bens públicos durante as mobilizações de janeiro;

Deterioração de patrimônio tombado — depredação de obras e prédios históricos em Brasília.

Segundo os ministros, o conjunto de crimes mostra que não se tratou de “atos isolados”, mas de uma rede de decisões e movimentos coordenados, com Bolsonaro no centro da liderança política.

Quem mais foi condenado

Além de Bolsonaro, outros sete aliados diretos foram considerados culpados:

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, acusado de usar a agência de inteligência para fins políticos;

Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, apontado como peça-chave no apoio militar à conspiração;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, responsabilizado por omissões durante os atos de 8 de janeiro;

Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, citado como parte do núcleo de confiança de Bolsonaro;

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator da trama, cuja colaboração reduziu sua pena;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, acusado de alimentar narrativas de fraude eleitoral;

Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, visto como articulador político.

As penas variaram conforme o grau de participação. Cid recebeu condenação mais branda em razão da delação premiada, enquanto generais e ex-ministros foram sentenciados a mais de 20 anos de prisão.

A divergência de Luiz Fux

Único a divergir, o ministro Luiz Fux defendeu a absolvição de Bolsonaro em todos os crimes imputados. Em seu voto, afirmou que não havia provas suficientes de que o ex-presidente tivesse comandado ou executado ações concretas que configurassem golpe de Estado.

Fux argumentou que o que existiu foram reuniões internas e discursos políticos, sem o passo seguinte da execução prática. Para ele, “não se pode admitir que falas, entrevistas ou simples cogitações sejam confundidas com uma tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito”.

O ministro também questionou a competência do STF para julgar o caso, já que os réus não ocupam mais cargos públicos, e criticou a quantidade de provas juntadas aos autos, classificando o processo como um “tsunami de dados” que teria prejudicado a defesa. Apesar de suas ponderações, seu voto ficou isolado diante da maioria consolidada.

O que acontece agora

Apesar da condenação dura, a prisão imediata não será aplicada. As defesas ainda podem recorrer com embargos de declaração ou embargos infringentes, que têm como objetivo esclarecer pontos da decisão ou tentar modificar o resultado em casos de divergência.

Especialistas, no entanto, avaliam que esses recursos dificilmente mudarão o mérito do julgamento. Na prática, eles podem apenas atrasar o trânsito em julgado ou ajustar detalhes técnicos das penas. Bolsonaro, por exemplo, segue inelegível desde 2023 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e agora enfrenta também a perspectiva de cumprir pena de prisão.

Marco histórico

A condenação é considerada um marco histórico para a democracia brasileira. É a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

Para os ministros que formaram a maioria, o julgamento envia uma mensagem inequívoca: o Estado Democrático de Direito será protegido contra qualquer tentativa de ruptura institucional. A decisão sinaliza que ataques às urnas, às instituições e ao funcionamento constitucional não terão espaço na vida política do país.

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Brasil

Deputado José Airton destaca compromisso climático em participação ativa na COP30

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O deputado federal José Airton Cirilo participou de uma das etapas preparatórias da COP30, realizada em Belém do Pará, reforçando seu envolvimento nas discussões internacionais sobre políticas climáticas. Sua presença no Fórum de Parlamentares da União Interparlamentar (UIP) evidencia o papel estratégico do Parlamento brasileiro na formulação de diretrizes para enfrentamento da crise climática — tema central para o futuro econômico, social e ambiental do país.

Durante a reunião, parlamentares de 47 países aprovaram um documento com 25 diretrizes essenciais para combater os efeitos do aquecimento global. O texto reconhece que a crise climática representa uma ameaça existencial, com impactos diretos sobre a segurança alimentar, hídrica, energética, a infraestrutura nacional, o sistema financeiro e, principalmente, os direitos humanos.

Entre os pontos defendidos e discutidos, destacam-se:

Transição energética justa e inclusiva, com redução gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis — como petróleo, carvão e gás natural — e incentivo ao crescimento das energias renováveis.

Fortalecimento dos planos de adaptação climática, com atenção especial às populações mais vulneráveis aos eventos extremos.

Valorização dos conhecimentos indígenas e tradicionais, reconhecendo sua importância na conservação da biodiversidade.

Incorporação do risco climático nas decisões públicas e ampliação do papel dos bancos multilaterais no financiamento de ações sustentáveis.

Reconhecimento do ecocídio como crime internacional e proteção aos defensores do meio ambiente.

Promoção da pesquisa, inovação e uso da inteligência artificial na busca de soluções para a crise climática.

Combate à desinformação climática, considerada um dos grandes desafios contemporâneos.

A presença de José Airton no evento reforça seu compromisso com o debate global e com a construção de políticas públicas que alinhem o Brasil aos principais esforços internacionais de mitigação e adaptação climática. Para ele, participar das discussões da COP30 significa ampliar a voz do Nordeste e defender uma agenda climática que considere as desigualdades regionais, a vulnerabilidade de comunidades tradicionais e a necessidade de desenvolvimento sustentável.

  1. Com a Amazônia como palco dessa edição histórica, a participação do parlamentar ganha ainda mais relevância. Além de acompanhar as negociações, José Airton contribui para assegurar que o Brasil exerça liderança nos compromissos ambientais e que as ações adotadas cheguem de forma concreta à vida da população.
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Politica

STF mantém tendência por prisão preventiva de Bolsonaro

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A sessão virtual da Primeira Turma do STF começou com votos de Alexandre de Moraes e Flávio Dino pela manutenção da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise ocorre após pedido da Polícia Federal, que aponta riscos à ordem pública e descumprimento de medidas judiciais. O julgamento segue aberto até as 20h, aguardando a manifestação dos demais ministros.

No voto de Moraes, o ministro sustenta que Bolsonaro violou medidas cautelares impostas anteriormente, incluindo regras relacionadas ao monitoramento eletrônico. Ele afirma que há risco concreto de prejuízo à aplicação da lei penal caso o ex-presidente permaneça em liberdade durante o processo. A posição reforça os argumentos apresentados pela PF durante a solicitação da preventiva.

Flávio Dino acompanhou o relator e destacou, em seu voto, que atos convocados por apoiadores de Bolsonaro em áreas urbanas densamente povoadas representam potencial ameaça à ordem pública. Ele também mencionou a possibilidade de repetição de eventos semelhantes aos ocorridos em 8 de janeiro, citando movimentações recentes de grupos organizados.

O ministro Dino acrescentou que a investigação aponta a existência de um “ecossistema criminoso” associado à base mais radical do ex-presidente. Segundo ele, tentativas de fuga e ações coordenadas de apoiadores agravam o risco institucional e justificam a manutenção da prisão. O argumento reforça o entendimento de que o contexto não se limita ao comportamento individual de Bolsonaro.

A defesa do ex-presidente apresentou justificativas médicas, afirmando que Bolsonaro estaria em estado de confusão mental provocado por interação de medicamentos. Os advogados também haviam solicitado a conversão da prisão preventiva em domiciliar humanitária, pedido que não foi acolhido no momento da decisão inicial. O argumento permanece registrado, mas não modificou o entendimento dos ministros que já votaram.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por comandar uma organização criminosa armada com objetivo de ruptura institucional. A prisão preventiva, segundo os ministros, busca garantir o cumprimento da pena e evitar riscos adicionais durante a tramitação dos recursos. A decisão final da Primeira Turma poderá definir o regime de custódia nos próximos meses.

Cristiano Zanin e Cármen Lúcia ainda devem apresentar seus votos, o que determinará o desfecho imediato do processo. A expectativa é de que a votação encerre dentro do prazo estabelecido, sem alterações no rito já previsto pela Corte. A divulgação do resultado será feita ao término da sessão virtual.

O julgamento segue em andamento na Primeira Turma do STF, com resultado previsto para publicação após as 20h.

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Politica

Audiência na Assembleia expõe insegurança territorial de pescadores; José Airton reforça compromisso com a causa

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A Assembleia Legislativa do Ceará realizou, nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, uma audiência pública dedicada à defesa do território e do modo de vida das comunidades pesqueiras artesanais do estado. O encontro reuniu parlamentares, gestores de órgãos federais, lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais para debater a crescente insegurança vivida por pescadores e marisqueiras em várias regiões do litoral cearense.

A audiência foi requerida pelo deputado Missias Dias (PT), presidente da Comissão de Agropecuária e Recursos Hídricos, com subscrição da deputada Keive Dias (PT). Entre os integrantes da mesa, estava o deputado estadual Heider José Airton (MDB), cuja atuação tem se destacado no acompanhamento das pautas relacionadas à pesca artesanal e às políticas de proteção aos territórios tradicionais.

Ao longo da sessão, pescadores e pescadoras relataram situações graves de sobreposição de títulos, grilagem, avanço da especulação imobiliária sobre áreas costeiras e dificuldades no acesso à regularização fundiária específica para comunidades tradicionais. Esses fatores vêm colocando em risco, segundo eles, não apenas o sustento das famílias, mas também práticas culturais e modos de vida preservados há gerações.

José Airton, que tem sido reconhecido pelo papel de apoio às comunidades pesqueiras, destacou durante a audiência a urgência de ampliar a participação desses grupos nos processos de regularização. Segundo ele, “território pesqueiro não é apenas espaço físico, é identidade, cultura e vida”, reforçando que o poder público deve assegurar condições para que essas comunidades permaneçam onde sempre estiveram.

O parlamentar também reafirmou seu compromisso como “padrinho dos pescadores”, função simbólica assumida por ele em diversos municípios litorâneos. Ele explicou que sua atuação tem se pautado pelo acompanhamento direto das demandas apresentadas pelos trabalhadores do mar, além da cobrança constante por soluções concretas junto aos órgãos federais e estaduais responsáveis por regularização fundiária e monitoramento territorial.

Representantes do Incra no Ceará, da Superintendência Federal de Agricultura, do Idace e da Secretaria da Pesca estiveram presentes para ouvir as denúncias e explicar o andamento das políticas em curso. Mesmo assim, lideranças afirmaram que o ritmo das ações ainda é lento, especialmente diante do avanço de empreendimentos privados sobre áreas tradicionais.

José Airton enfatizou que, para enfrentar o problema, é preciso que haja integração entre órgãos públicos, comunidades locais e entidades sociais. Ele cobrou mais agilidade nos processos administrativos e reforçou que continuará vigilante para garantir que as promessas feitas às comunidades saiam do papel. Para ele, a defesa dos territórios pesqueiros é parte essencial de uma política de desenvolvimento sustentável para o Ceará.

Durante os debates, representantes de movimentos como o MPP (Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais) e a Articulação Nacional de Pescadoras (ANP) trouxeram dados sobre o impacto da insegurança territorial na economia local. Segundo as entidades, a perda de áreas de pesca tem reduzido o rendimento das famílias e ampliado a vulnerabilidade social de comunidades inteiras.

Outro ponto destacado foi a importância de políticas de titulação coletiva, consideradas fundamentais para proteger territórios ocupados tradicionalmente por grupos pesqueiros. A proposta recebeu apoio unânime dos presentes, que defenderam a necessidade de garantir segurança jurídica e prevenir conflitos futuros.

Para José Airton, a titulação coletiva e a aceleração dos processos de demarcação são medidas urgentes, e ele se comprometeu a acompanhar pessoalmente os desdobramentos da audiência. O deputado ressaltou que continuará promovendo diálogos, visitas técnicas e articulações com o governo federal para assegurar que os trabalhadores do mar não fiquem sem resposta.

A audiência foi encerrada com um apelo coletivo por políticas públicas mais efetivas, que considerem a realidade das populações tradicionais e evitem que a especulação imobiliária continue avançando sobre áreas essenciais para a pesca artesanal. O evento reforçou a centralidade do debate e a necessidade de ampliar a visibilidade do tema na agenda estadual.

Ao final, José Airton reiterou que sua atuação seguirá firme ao lado das comunidades pesqueiras. Para ele, a luta é contínua e exige vigilância permanente, mobilização social e compromisso político. “Território pesqueiro é direito ancestral, é cultura, é sustento e é vida”, concluiu o parlamentar.

 

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