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Terremoto deixa mais de 800 mortos no Afeganistão
Um terremoto de magnitude 6,0 atingiu o leste do Afeganistão na noite de domingo (31), deixando um rastro de devastação. O tremor ocorreu às 23h47 no horário local (19h17 UTC), com epicentro a 27 km a leste-nordeste de Jalalabad, em Nangarhar, perto da fronteira com o Paquistão. Por ter sido muito raso — a cerca de 8 km de profundidade — o impacto foi ainda mais destrutivo sobre construções frágeis nas vilas da região montanhosa. Muitas casas de barro ruíram em segundos, soterrando famílias inteiras.
Autoridades afegãs informaram pelo menos 812 mortes e 2.817 feridos. A contagem ainda pode subir à medida que equipes chegam a áreas isoladas. Hospitais locais relatam sobrecarga e falta de recursos para atender a demanda.
A destruição foi generalizada em comunidades de Kunar e Nangarhar. Deslizamentos de terra provocados pelo abalo bloquearam estradas e dificultaram ainda mais o resgate; o relevo acidentado e as chuvas recentes tornam o trabalho lento e arriscado. Equipes civis e militares seguem buscando sobreviventes entre os escombros.
O governo controlado pelo Talibã mobilizou helicópteros, profissionais de saúde e equipes de resgate. Países vizinhos e organismos internacionais começaram a reagir: Índia e China sinalizaram envio de ajuda, enquanto a ONU e o Crescente Vermelho articularam ações emergenciais. Mesmo assim, a resposta é limitada pela precariedade da infraestrutura hospitalar e pelo isolamento de muitas aldeias.
O cenário é agravado pela queda do financiamento humanitário ao país: as doações recuaram de cerca de US$ 3,8 bilhões em 2022 para aproximadamente US$ 767 milhões em 2025, segundo dados citados pela Reuters e acompanhados por painéis da ONU. Isso tem impacto direto na capacidade de resposta a desastres.
O Afeganistão é um dos países mais suscetíveis a abalos sísmicos na Ásia, sobretudo no leste. Em 2023, um terremoto devastou a província de Herat, deixando pelo menos 1.482 mortos, de acordo com a OMS. A nova tragédia reforça a vulnerabilidade de uma população que vive entre casas improvisadas, montanhas instáveis e poucos recursos de socorro.