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Queima de fogos em Fortaleza resulta em prisões ligadas a facções criminosas

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Fortaleza registrou, entre domingo (14) e segunda-feira (15), queimas de fogos em diferentes bairros, ação atribuída ao Comando Vermelho (CV) para marcar a ocupação de territórios antes controlados por facções rivais. O episódio foi notado em várias regiões da capital e gerou inquietação entre moradores, que relatavam barulhos intensos e sucessivos disparos de artefatos pirotécnicos. A mobilização levou ao acionamento das forças de segurança, que realizaram prisões em sequência.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou que o ato teve relação direta com organizações criminosas. Informações preliminares apontam que a celebração estava vinculada à tomada de áreas antes dominadas pelos Guardiões do Estado (GDE), especialmente no Lagamar. Os relatos são de que não houve confronto armado, o líder da GDE abandonou o posto e em seguida em muros da comunidade, as iniciais “CV” apareceram pichadas logo após a queima de fogos, numa demonstração simbólica de domínio.

Além do Lagamar, bairros como Pio XII, Piedade, Castelo Encantado e partes de Vicente Pinzon também registraram ocorrências semelhantes. Testemunhas relataram que o barulho começou começou no domingo e se estendeu por segunda, surpreendendo moradores. Em algumas regiões, grupos chegaram a soltar fogos em áreas próximas a praças e calçadas, o que reforçou a sensação de ameaça nas comunidades. Vários outros bairros registraram queima de fogos, ainda que tenham sido dominados pel

A SSPDS destacou que equipes da Polícia Militar e do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) foram mobilizadas para acompanhar a situação. Policiais em campo receberam apoio da inteligência da corporação, que já monitorava movimentações ligadas ao CV na capital. A ação coordenada resultou na detenção de suspeitos ainda na madrugada.

Ao todo, 19 pessoas foram presas em diferentes pontos da cidade. De acordo com a SSPDS, os detidos são investigados por participação na queima de fogos e por ligação com facções criminosas. O secretário-chefe da Casa Civil confirmou a prisão dos suspeitos e apontou que os atos foram usados como demonstração de poder e tentativa de intimidação contra rivais.

As prisões fazem parte de um cenário mais amplo de enfrentamento ao crime organizado no Estado. Dados oficiais da SSPDS indicam que, entre janeiro e agosto de 2025, foram realizadas 1.418 prisões e apreensões de pessoas ligadas a facções. O número representa crescimento de 61,5% em comparação ao mesmo período de 2024, quando haviam sido registradas 878 capturas.

Enquanto a atuação policial se intensificava, moradores de bairros como Benfica, Parquelândia, Rodolfo Teófilo, Aldeota e Pici também relataram estampidos de fogos durante a madrugada. Em aplicativos de mensagens, circularam áudios e vídeos que registravam os artefatos sendo acionados, reforçando a percepção de que se tratava de uma ação organizada e não de eventos isolados.

Segundo investigadores, a estratégia de soltar fogos é recorrente entre facções como forma de anunciar vitórias em disputas territoriais. A prática tem efeito psicológico sobre a população local, que associa o barulho à expansão criminosa, ao mesmo tempo em que serve de aviso para grupos rivais. Esse tipo de manifestação, embora não envolva armas de fogo diretamente, é tratado pelas autoridades como um ato de intimidação.

Os 19 presos foram conduzidos a unidades da Polícia Civil, onde passaram por procedimentos de flagrante. Eles responderão por crimes ligados à organização criminosa e podem ter penas agravadas em razão do contexto da ação. O material apreendido com os suspeitos será periciado, com o objetivo de identificar eventuais conexões entre os grupos e confirmar a origem dos fogos utilizados.

As diligências continuam sob responsabilidade do Draco, que deve aprofundar as investigações e buscar outros envolvidos. A SSPDS informou que novas operações serão deflagradas em áreas estratégicas de Fortaleza, com base em informações de inteligência. O órgão destacou que os resultados das prisões e da perícia técnica vão subsidiar pedidos de novos mandados judiciais, reforçando a resposta do Estado às organizações criminosas.

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