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Popó encerra carreira em lágrimas após confusão, e bastidores levantam hipótese de manobra para proteger o filho

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Acelino “Popó” Freitas anunciou sua aposentadoria do boxe em meio a lágrimas e dor. O ex-campeão mundial, de 50 anos, mal conseguia conter o choro ao afirmar que viveu “a maior humilhação da vida” durante o evento Fight Music Show. A vitória por desclassificação sobre Wanderlei Silva ficou em segundo plano diante do tumulto que transformou o ringue em palco de agressões, gritos e acusações. No centro da confusão, as câmeras flagraram o filho do lutador, Rafael Freitas, desferindo o primeiro golpe físico da briga — um soco que derrubou Wanderlei e acendeu o estopim da crise.

A luta começou tensa e terminou em caos. Wanderlei Silva foi advertido três vezes por cabeçadas até ser desclassificado no quarto round. No momento em que o árbitro anunciou o fim do combate, Popó subiu nas cordas para comemorar, enquanto membros das duas equipes invadiam o ringue. Entre empurrões e provocações, Rafael — segurando um cinturão do pai — surgiu por trás de Wanderlei e o atingiu com um soco na nuca, seguido de outro no rosto. O ex-lutador caiu desacordado. Em segundos, o clima de celebração se converteu em violência generalizada, com dezenas de pessoas trocando empurrões e socos em plena transmissão ao vivo.

O golpe de Rafael foi o primeiro ato físico registrado nas imagens. Até aquele instante, havia apenas discussões verbais. O soco mudou o curso do evento e também da história da família Freitas. Wanderlei deixou o ringue com o rosto ensanguentado e foi levado ao hospital com fratura no nariz e cortes no supercílio. Popó tentou conter o tumulto, mas a confusão já havia tomado proporções incontroláveis. Em poucas horas, o vídeo do soco circulava nas redes, e o nome de Rafael se tornava um dos mais comentados do país — símbolo de descontrole e violência em um evento que prometia entretenimento.

Dias depois, Rafael pediu desculpas públicas e alegou legítima defesa, afirmando ter agido “no instinto” para proteger o pai. As imagens, porém, mostram que Wanderlei ainda não havia atacado ninguém. A versão de defesa não convenceu o público, nem a mídia especializada. Em meio ao linchamento virtual do filho e à pressão de patrocinadores, Popó surgiu em entrevista coletiva em prantos, dizendo sentir “vergonha e humilhação”. Chorando, o ex-campeão anunciou a aposentadoria.

O anúncio teve efeito imediato: desviou o foco da discussão sobre o soco e reposicionou a narrativa. A comoção do ídolo — um campeão mundial chorando diante das câmeras — humanizou a tragédia esportiva e transformou o escândalo em drama pessoal. Se o gesto foi espontâneo ou estratégico, é impossível saber. Mas o resultado foi claro: Popó reassumiu o protagonismo da história.

A trajetória de Popó explica o impacto desse momento. O baiano foi o maior nome do boxe nacional em décadas, tetracampeão mundial e responsável por popularizar o esporte no país. Sua imagem sempre esteve associada à disciplina e à superação. Por isso, o episódio representa um golpe profundo em seu legado. A confusão de São Paulo destruiu o simbolismo do ringue como espaço de respeito e honra. Encerrar a carreira ali, foi o oposto de tudo o que construiu — e talvez, por isso mesmo, tenha sido o único gesto possível para quem não suportava ver o nome da família no centro da vergonha.

Wanderlei Silva, por sua vez, promete processar Rafael e chama o episódio de “covardia”. Em suas palavras, “fui atacado pelas costas e quase apagado”. O Fight Music Show suspendeu Popó e Wanderlei por 180 dias e abriu investigação interna. A Justiça paulista analisa imagens e depoimentos.

O homem que levou o boxe brasileiro ao topo mundial sai (talvez) de cena em lágrimas — não derrotado por um adversário, mas por uma noite em que o esporte perdeu o controle. Sua despedida pode não ser o fim de sua carreira, mas sem dúvidas é o retrato doloroso de um ídolo tentando, entre lágrimas, salvar o que resta do próprio nome e do sangue que carrega.

 

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