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Morre Cícero Sandroni, jornalista, escritor e membro da ABL, aos 90 anos

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O jornalista, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cícero Sandroni, faleceu na manhã desta terça-feira, 17 de junho, aos 90 anos, em sua residência no bairro Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte foi um choque séptico decorrente de uma infecção urinária, segundo informou a ABL.

Nascido em São Paulo, em 26 de fevereiro de 1935, Sandroni mudou-se para o Rio de Janeiro aos 11 anos de idade. Formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira sólida na imprensa, trabalhou em veículos de grande relevância, como Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, Jornal do Commercio e O Globo, onde se destacou na cobertura de política externa.

Sandroni também teve atuação marcante na cobertura da inauguração de Brasília, em 1960. À época, foi convidado a integrar a Secretaria de Imprensa do então governo do Distrito Federal. Posteriormente, ocupou cargos na administração pública durante o governo João Goulart. Durante a ditadura militar, foi um dos signatários do chamado Manifesto dos Mil, em 1976, um protesto de intelectuais contra a censura imposta à imprensa.

Além da carreira jornalística, Sandroni foi um incentivador da literatura brasileira e latino-americana. Fundou a revista Ficção, que se tornou referência na publicação de novos autores durante os anos de regime autoritário, e criou a editora Edinova, voltada à divulgação de obras da América Latina e do movimento nouveau roman francês. Recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo em 1974, um dos principais reconhecimentos da imprensa brasileira.

Autor de diversos livros, publicou romances como O Diabo só chega ao meio-dia (1985), Cosme Velho (1999) e O peixe de Amarna (2003), além de biografias, como Austregésilo de Athayde, o Século de um Liberal (1998). Sua produção literária aliava domínio técnico da escrita com reflexões profundas sobre a história, a política e a cultura nacional.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2003, Sandroni ocupava a cadeira de número 6, que tem como patrono Casimiro de Abreu. Presidiu a instituição entre 2007 e 2009, período em que buscou ampliar o diálogo da ABL com o público e fortalecer a preservação da memória literária brasileira.

Cícero Sandroni deixa a esposa, Laura Constância Austregésilo de Athayde Sandroni, cinco filhos — Carlos, Clara, Eduardo, Luciana e Paula — e um neto, Pedro. O velório será realizado na sede da Academia Brasileira de Letras, nesta quarta-feira, 18 de junho, a partir das 10h. O sepultamento ocorrerá em cerimônia restrita à família.

A morte de Cícero Sandroni representa uma perda significativa para o jornalismo e para a literatura brasileira. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a liberdade de expressão, pela excelência editorial e pela defesa da cultura nacional em todas as suas formas.

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