Ceará

Justiça determina nova perícia em arma de PM acusado de duplo homicídio em Fortaleza

Publicado

em

A Justiça do Ceará determinou a realização de uma nova perícia balística na arma de um policial militar acusado de envolvimento em um duplo homicídio ocorrido em Fortaleza, em 2017. A decisão atende a um pedido da defesa do soldado Guilherme Teixeira de Almeida, que é réu no processo e alega falhas no laudo anterior. A nova análise deve ser feita por peritos diferentes dos que elaboraram o primeiro documento.

Guilherme responde pelas mortes de Francisco Flávio de Sousa Nascimento e Antônio Nelson Silva da Rocha Júnior. Os dois foram assassinados a tiros em abril de 2017, e o caso é tratado como “queima de arquivo”. Segundo a investigação, as vítimas teriam sido mortas para evitar que prestassem depoimentos contra o próprio policial, acusado de envolvimento em extorsões contra suspeitos de tráfico de drogas.

A arma em questão é um revólver Taurus calibre .38, que estava em posse do PM na época dos assassinatos. No entanto, a defesa sustenta que o material foi apreendido de forma irregular e aponta “graves erros, incongruências e omissões” no laudo produzido pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). Um dos peritos, inclusive, reconheceu que o volume de trabalho e a pressa podem ter comprometido o exame inicial.

Diante das alegações, o Ministério Público também considerou válida a reavaliação e não se opôs ao pedido da defesa. A decisão judicial, assinada em 27 de junho, determina que o novo laudo inclua a comparação entre projéteis retirados dos corpos das vítimas, fragmentos encontrados nos locais dos crimes e o armamento apreendido. O objetivo é verificar se os disparos partiram ou não da arma do policial.

Além disso, os novos peritos deverão descrever com detalhes os métodos e equipamentos utilizados na análise, bem como os procedimentos adotados para garantir a cadeia de custódia das provas. Essa exigência visa assegurar a confiabilidade do novo laudo e sanar as dúvidas levantadas sobre a integridade dos exames anteriores.

A nova perícia ainda não tem prazo definido para ser concluída, mas a expectativa é que os resultados possam influenciar diretamente o andamento do processo. Se o revólver não for compatível com os projéteis encontrados nas vítimas ou nas cenas do crime, a tese da acusação pode perder força. Por outro lado, uma confirmação da compatibilidade reforçaria as provas contra o PM.

O caso gerou forte repercussão por envolver um agente da segurança pública acusado de executar testemunhas para obstruir investigações. A denúncia aponta que Guilherme teria agido com frieza e premeditação, eliminando vítimas-chave em um possível esquema criminoso dentro da própria corporação. Ele nega todas as acusações e responde em liberdade.

O processo segue em tramitação na 3ª Vara do Júri de Fortaleza. Até o momento, não há data marcada para julgamento. A defesa sustenta inocência e aposta na nova perícia como peça central para desmontar a acusação. Já o Ministério Público aguarda os resultados para reforçar ou reavaliar sua linha de atuação no caso.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Em Alta

Sair da versão mobile