Ceará
Júri é marcado para torcedores acusados de matar jovem na Serrinha em emboscada de torcida
A Justiça cearense marcou para o dia 17 de setembro de 2025, às 9h30, o julgamento dos torcedores do Fortaleza acusados de espancar até a morte Ítalo Silva de Lima, torcedor do Ceará. O crime ocorreu no bairro Serrinha, em Fortaleza, na Rua Governador João Carlos, nas proximidades do cruzamento com a Rua Magnólia, onde há residências e a Escola Duque de Caxias. Era um sábado, e Ítalo estava a caminho do estádio para assistir à partida entre Ceará e Iguatu, quando foi surpreendido por uma emboscada.
Câmeras de segurança flagraram o momento em que o jovem foi atacado com socos, chutes e pedaços de madeira por integrantes da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF). A violência foi tamanha que a perícia apontou traumatismo craniano como causa da morte. Ítalo tinha apenas 29 anos e nenhum antecedente criminal.
Segundo o Ministério Público do Ceará, o ataque foi premeditado por membros de um grupo autodenominado “Bonde dos Hooligans”, um núcleo da TUF voltado a ataques organizados contra torcedores rivais. Ao todo, sete adultos e dois adolescentes foram denunciados por homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e corrupção de menores.
Entre os réus principais estão Edson Rodrigues Taveira, Herson da Silva Lima e Luiz Cláudio Teles Costa Júnior. A Justiça negou o pedido da defesa para desmembrar o processo, e todos os acusados irão a julgamento conjunto no Fórum Clóvis Beviláqua, presidido por um juiz da 3ª Vara do Júri de Fortaleza.
A região onde ocorreu o crime é um bairro residencial, onde crianças estudam e famílias circulam diariamente. A proximidade com a escola pública Duque de Caxias tornou o episódio ainda mais revoltante para quem vive na área. Moradores relatam que a cena foi brutal e gerou desespero em quem testemunhou a agressão.
O Ministério Público defende que não se trata de uma briga de torcidas, mas de um ato planejado de execução. “Eles escolheram o local e a hora. Sabiam quem estavam esperando. A intenção era matar, e foi isso que fizeram”, disse um dos promotores do caso.
Desde o assassinato, a família de Ítalo vem clamando por justiça. Em vídeos nas redes sociais, a mãe do torcedor relembrou o último dia do filho e pediu que o caso não seja esquecido. “Meu filho saiu pra ver o time dele jogar. Não sabia que estava indo para a morte”, desabafou.
Esse não foi um caso isolado. Em 2022, um adolescente de 15 anos, também torcedor do Ceará, foi morto em circunstâncias semelhantes. Ele foi espancado a pauladas por membros da TUF e também será tema de um júri popular.
As autoridades esperam que o julgamento traga respostas e sinalize um limite para a escalada de violência associada às torcidas organizadas. A data de 17 de setembro será aguardada com expectativa não só pela família de Ítalo, mas por todos que se recusam a aceitar que o futebol continue sendo usado como justificativa para matar.
No lugar onde a rua deveria ser caminho para o estádio, ficou uma lembrança amarga. A camisa do time não protegeu Ítalo. O grito que ele não deu na arquibancada ecoa agora em busca de justiça.