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Júnior Mano nega envolvimento direto em esquema de desvio de emendas e diz confiar na Justiça

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A Polícia Federal investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos envolvendo o deputado federal cearense Júnior Mano. Conforme a Operação Underhand, o parlamentar teria liderado uma organização criminosa que cobrava entre 12% e 15% sobre emendas parlamentares liberadas para prefeituras — o chamado “pedágio”.

A operação foi deflagrada no dia 8 de julho e cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em cidades do Ceará e no Distrito Federal. A ação contou com autorização do Supremo Tribunal Federal, que também determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas dos investigados para garantir eventual ressarcimento aos cofres públicos.

De acordo com a investigação, Júnior Mano atuava como operador ativo do esquema, articulando a escolha dos municípios beneficiados com emendas, a liberação dos recursos e a cobrança dos percentuais desviados. As mensagens interceptadas mostram que ele mantinha contato direto com prefeitos, assessores e empresários envolvidos.

O prefeito de Choró, Bebeto Queiroz, apontado como um dos articuladores do esquema, está foragido. Em conversas obtidas pela Polícia Federal, ele e um assessor de Júnior Mano tratam sobre o repasse de 12% dos valores enviados às prefeituras. A ex-prefeita de Canindé também relatou que foi procurada para devolver 15% dos recursos recebidos via emenda.

As investigações apontam que parte do dinheiro era repassada por meio de empresas de fachada, contratadas para simular prestação de serviços. Entre 2023 e 2025, essas empresas movimentaram aproximadamente R$ 455 milhões, sendo cerca de R$ 92 milhões em recursos federais destinados por emendas parlamentares.

A estrutura criminosa envolvia ainda operadores financeiros e empresas com contratos firmados por meio da Caixa Econômica Federal. Os repasses, segundo os investigadores, eram condicionados à devolução de parte dos valores, o que caracteriza desvio de finalidade no uso das verbas públicas.

Em nota, Júnior Mano afirmou que não participa diretamente de licitações, contratos ou fiscalizações municipais, limitando seu papel à destinação de emendas. Ele declarou confiar nas instituições e aguardar que a verdade dos fatos prevaleça.

Além do crime de organização criminosa, os investigados podem responder por corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e captação ilícita de recursos eleitorais. A Polícia Federal também apura se parte dos valores foi usada para financiar campanhas e comprar apoio político.

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