Ceará
Fraude em aplicativos: motociclistas presos podem ser condenados por até 20 anos
A Polícia Civil do Ceará prendeu 15 motociclistas acusados de manipular os preços de corridas em aplicativos de transporte, como 99 e Uber. A ação aconteceu no último domingo (17), na região do Porto das Dunas, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. Segundo a investigação, o grupo usava contas falsas e controlava a oferta de motoristas para inflar artificialmente os valores das tarifas dinâmicas.
As prisões ocorreram depois que um motociclista, que não fazia parte do esquema, foi ameaçado ao tentar trabalhar na área. O episódio chamou a atenção das autoridades, que já vinham monitorando a prática em cidades como Aquiraz e Cascavel. Nessas localidades, de menor porte, os criminosos conseguiam maior controle sobre a movimentação dos aplicativos, tornando o golpe mais fácil de aplicar.
De acordo com o delegado Josafat Filho, o grupo atuava de duas formas principais. A primeira era desligar os aplicativos de propósito, reduzindo o número de motoristas disponíveis. Assim, quando passageiros tentavam chamar uma corrida, o sistema entendia que havia alta demanda e poucos veículos, aumentando o preço automaticamente.
O segundo método era o uso de contas falsas ou de terceiros para simular corridas entre os próprios integrantes. Nessas situações, alguns pedidos eram cancelados ou recusados de forma combinada, até que um dos envolvidos aceitasse a viagem. Essa prática contribuía para a elevação das tarifas e, em alguns casos, rendia bonificações extras oferecidas pelas plataformas.
A prática prejudicava não apenas os usuários, que acabavam pagando mais caro, mas também motoristas de aplicativo que não participavam do esquema e viam sua atuação dificultada. “Eles obrigavam outros condutores a manter os aplicativos desligados enquanto manipulavam os preços, criando um ambiente hostil para quem queria trabalhar de forma honesta”, explicou o delegado.
As investigações revelaram que alguns dos presos já tinham sido banidos da plataforma 99 por irregularidades anteriores. Para continuar aplicando o golpe, passaram a usar cadastros em nome de outras pessoas, chegando a ser denunciados por trocar de veículo ou de piloto no início das corridas. Essa reincidência reforça a suspeita de que o esquema vinha sendo praticado há meses.
A escolha de cidades menores como Aquiraz e Cascavel também não foi por acaso. Em Fortaleza, onde há uma movimentação muito maior de passageiros e motoristas, a fraude seria mais difícil de sustentar. No interior, os criminosos encontravam espaço para dominar pontos estratégicos, afastar concorrentes e manter o controle sobre os preços.
Os motociclistas detidos agora responderão por crimes como extorsão, associação criminosa e delitos contra a ordem econômica. Somadas, as penas podem ultrapassar 20 anos de prisão. A Polícia Civil segue investigando se outros motoristas estão envolvidos e se o esquema se estendia a mais regiões do Estado.