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Ceará adota tecnologia anti-drone para barrar crimes em presídios

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O Governo do Ceará investiu R$ 1,64 milhão em um equipamento inédito no sistema prisional do estado: um kit anti-drone fabricado pela empresa australiana DroneShield. O objetivo é conter o chamado “delivery do crime”, prática em que grupos criminosos utilizam aeronaves não tripuladas para levar celulares, drogas e outros objetos ilícitos para dentro das unidades prisionais. O equipamento foi adquirido sem licitação, com base na justificativa de que é o único homologado pela Anatel para uso em presídios brasileiros.

O sistema funciona a partir de tecnologia de bloqueio e interferência de sinais. Ao detectar um drone em operação ilegal, o equipamento é capaz de interromper a comunicação entre o aparelho e o seu operador, forçando o pouso ou retorno imediato. Esse tipo de recurso já é empregado em presídios de outros países e começa a ser usado no Brasil diante do aumento expressivo de casos. A homologação pela Anatel foi considerada essencial para a legalidade da compra.

Nos últimos anos, o uso de drones em ações criminosas contra presídios se intensificou no Ceará. Segundo registros da Secretaria da Administração Penitenciária, somente em 2025, até o início de setembro, 19 drones já haviam sido interceptados. O número é mais que o dobro do registrado em todo o ano de 2024, quando apenas oito aparelhos foram abatidos. Os equipamentos eram utilizados para tentar entregar drogas, chips, celulares e até armas.

Um dos episódios mais recentes ocorreu em 1º de agosto, na Unidade Prisional Itaitinga 3, na Região Metropolitana de Fortaleza. Na ocasião, quatro adultos e um adolescente foram flagrados operando um drone sobre a penitenciária. O aparelho levava objetos destinados a presos e foi derrubado pelas equipes de segurança. A ação resultou em prisões e apreensões, evidenciando a ousadia e a sofisticação dos métodos utilizados pelo crime organizado.

Para especialistas em segurança, a entrada de drones no cenário prisional representa um desafio inédito. Diferentemente de tentativas tradicionais, como arremesso de pacotes pelos muros, o uso de aeronaves não tripuladas dificulta a detecção e permite maior precisão na entrega. Além disso, os criminosos costumam agir em horários estratégicos, como à noite, e utilizam rotas que escapam da vigilância convencional.

O kit anti-drone adquirido pelo Ceará combina sensores de detecção e um sistema portátil de neutralização. Isso significa que pode ser operado rapidamente por agentes treinados e deslocado para pontos estratégicos conforme a necessidade. Com ele, espera-se reduzir drasticamente as tentativas de envio de objetos ilícitos e fortalecer a segurança do sistema prisional, considerado um dos alvos prioritários de facções criminosas no estado.

 

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