Crimes
Advogado morto em emboscada: GDE ofereceu R$ 5 mil por rival do CV
O Ministério Público do Ceará denunciou nesta semana Luiz Henrique Galdino Braga, apontado como um dos envolvidos no duplo homicídio que vitimou o advogado Paulo Marcelo Silva Freire e Ítalo Jardel Menezes da Silva, ligado ao Comando Vermelho (CV). A investigação indica que o crime foi encomendado pela facção Guardiões do Estado (GDE), que teria oferecido uma recompensa de R$ 5 mil para quem executasse Ítalo, alvo principal do atentado. O caso ocorreu em agosto, no bairro João XXIII, em Fortaleza.
Segundo a denúncia recebida pela 6ª Vara do Júri, Luiz Henrique e outros homens ainda não identificados interceptaram o carro em que estavam o advogado e dois clientes. O veículo foi perseguido e alvejado diversas vezes, até ser atingido em um cruzamento. Paulo Marcelo foi morto no local com sete disparos, enquanto Ítalo chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Um terceiro ocupante conseguiu escapar e pedir ajuda.
O MPCE enquadrou Luiz Henrique em quatro crimes: dois homicídios qualificados, tentativa de homicídio e participação em organização criminosa. Ele foi preso em flagrante pouco após o crime e permanece custodiado enquanto a Justiça dá andamento ao processo. A denúncia aponta que a motivação foi torpe, ligada diretamente à rivalidade entre as facções CV e GDE.
De acordo com os autos, Ítalo já havia sido alvo de um “decreto de morte” expedido pela GDE, devido à sua atuação na Vila Rosângela, área disputada entre os grupos criminosos. Para garantir a execução, a facção teria estipulado a recompensa em dinheiro, que circulava entre criminosos locais como incentivo para a realização do ataque.
A investigação também levantou episódios de corrupção policial envolvendo as vítimas antes do homicídio. Ítalo e um amigo teriam sido abordados e agredidos por militares da Polícia, sendo liberados apenas após pagamento de propina. O valor acertado para a liberação foi intermediado pelo advogado Paulo Marcelo, que se tornaria vítima horas depois, durante a emboscada.
Diante dessas informações, a 6ª Delegacia do Departamento de Homicídios encaminhou os autos para a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) e para o Comando da Polícia Militar. As instituições deverão apurar a possível participação de agentes públicos em atos de violência e extorsão contra os homens que estavam na companhia do advogado.
O atentado reforça o histórico de confrontos entre o CV e a GDE em Fortaleza, que já resultaram em uma série de homicídios na capital e na Região Metropolitana. Autoridades destacam que a disputa territorial entre as facções é um dos principais fatores de instabilidade na segurança pública do Estado.
Com o recebimento da denúncia, Luiz Henrique passa a responder formalmente pelos crimes e aguarda julgamento. A investigação segue em busca de identificar os demais executores do ataque.