Transamazônica cinquentenária

0

Sem muito alarde, a não ser algumas reportagens dominicais levadas a efeito por uma rede de TV nacional, a BR-230, popularmente conhecida como Rodovia Transamazônica, completou, há pouco, 50 anos do início de suas obras. Este fato ocorreu em setembro de 1970, quando Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) era o general-presidente e deu início à abertura da gigantesca rodovia que atravessaria transversalmente o território brasileiro. 

Com uma extensão implantada de 4.260 quilômetros, a estrada inicia-se em Cabedelo (PB) e, inclusive, atravessa parte do território cearense, na região do Cariri, terminando somente em Lábrea (AM). A partir desse município, há ainda um projeto de estender a rodovia até Benjamin Constant, também no Amazonas, jamais realizado na prática, o que totalizaria 4.977 quilômetros. 

Embora tenha sido inaugurada em 27 de agosto de 1972, pelo mesmo general de plantão, a extensa rodovia permanece, na prática, até hoje, inacabada, como o maior projeto fracassado da época da ditadura militar. 

Inicialmente concebida como vetor de povoamento da região amazônica, a estrada apresentou, desde o início, uma série de problemas. Suas obras foram interrompidas por diversas vezes, em consequência das chuvas torrenciais entre outubro e março, o que provocava o isolamento dos trabalhadores por longos períodos. 

Os projetos de povoamento, por meio das denominadas agrovilas e de incentivos a famílias de todas as partes do País, notadamente do Nordeste, também não se concretizaram. Muitos deslocaram-se para lá, iludidos por supostos incentivos prometidos pelo Governo Federal, que não se prolongaram por muito tempo. 

Até hoje, são longos os trechos da rodovia que nunca foram asfaltados. Outros problemas são o desmatamento e a grilagem de terras. Um projeto inacabado que certamente demandará ainda muito tempo até que se torne, de fato, realidade, neste País tão problemático.

Gilson Barbosa
Jornalista

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui