O Setembro Amarelo

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Gilson Barbosa (*)

Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor de Amor de Perdição e outras tantas obras literárias, disse, sobre o suicídio, que este “é o maior dos crimes, porque é o desprezo do divino remédio nas dores passageiras da vida”. Por ironia do destino, o célebre escritor lusitano suicidar-se-ia com um tiro de revólver na têmpora direita, aos 65 anos de idade, atormentado pela cegueira que o impedia de ler e de escrever novos livros. Desde 2015, realiza-se no Brasil a campanha Setembro Amarelo, que busca conscientizar a sociedade para combater o suicídio com ações informativas e preventivas. Conforme os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2016, o país ocupa a oitava posição entre os 10 com maior número de casos no mundo, com 11.821 registros naquele ano. Fortaleza é a segunda capital neste triste ranking nacional, com uma média anual de 600 registros. Entre os jovens brasileiros de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta maior causa de mortes. Em média, uma pessoa tira a própria vida a cada 45 minutos, em nosso país.

A juventude tem sido particularmente atingida por este fenômeno, efeito das pressões de uma sociedade mais competitiva e materialista. Os jovens de famílias com melhor poder aquisitivo são cobrados a estudar, a lutar pelo melhor emprego, melhor formação acadêmica, a falar outros idiomas. Os mais carentes, sem acesso fácil a tais conquistas, percebendo-se infelizes, em situação de desesperança, veem-se diante das mesmas cobranças. Pressionados a serem “alguém na vida”, muitas vezes não se encontram, nem encontram o caminho da felicidade. No desespero, partem para o ato extremo, resultante da falta de afeto e de contato com outras pessoas, fato que atinge também os idosos, cada vez mais alijados do convívio social, em muitas famílias. Por tais motivos, o Setembro Amarelo deve intensificar-se para reverter essa trágica situação em nosso país.

(*)Jornalista e apresenta aos sábados , ao lado dos também jornalistas, Juarez Serpa e Everardo Lopes, o programa SENSO CRÍTICO, ao meio dia, na RÁDIO CLUBE 1200

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