Museu Nacional: promessas não foram cumpridas, um ano após incêndio

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Dois de setembro de 2018 foi marcado por uma grande tragédia. Ano do desastroso incêndio no Museu Nacional, resultado de uma política negligente de proteção ao patrimônio público. Ainda é difícil estimar o quanto foi perdido para as chamas. O apoio prometido pelo Governo Federal, Febraban, Vale entre outros grupos empresariais ficaram apenas no papel. O trabalho de reconstrução e inventário do acervo prosseguem.

A Direção do Museu, ainda desolada, estima que aproximadamente 19% das coleções do museu não foram atingidas pelo incêndio. A maior parte sobreviveu por estar exposta no Horto Botânico, fora do Palácio da Boa Vista, quando ocorreu a tragédia. O museu perdeu cerca de 90% de seu acervo, acredita a sua vice-diretora, Cristina Serejo.

Em 3 de setembro, um dia depois de o fogo consumir parte da estrutura do prédio histórico, diversos órgãos se comprometeram com a recuperação do Museu Nacional. O Palácio do Planalto, sob comando do então presidente Michel Temer, prometeu criar uma rede de apoio econômico para viabilizar a reconstrução. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que direcionaria a verba de um contrato que já havia sido assinado. A prefeitura do Rio comunicou que daria apoio ao governo federal para recuperar o museu.

Em nota, a Febraban afirmou que “não foi possível realizar as doações destinadas à reconstrução do Museu Nacional e de seu acervo, uma vez que não puderam ser atendidas as condições acordadas com o governo (…)para que ocorre a efetivação dos aportes financeiros. A Vale afirmou que a empresa está “empenhada em contribuir para os esforços de reconstrução e resgate deste patrimônio”, mas não detalhou as ações realizadas ou planejadas. As demais instituições citadas pelo Planalto à época também foram procuradas, mas não se manifestaram sobre possíveis doações.

Um dia depois do incêndio, o BNDES emitiu uma nota afirmando que redirecionaria para a reconstrução do museu o valor de um contrato que havia sido assinado em junho de 2018. Segundo o banco, a diretoria aprovou essa mudança apenas em janeiro deste ano.

O contrato assinado originalmente previa R$ 21,7 milhões para financiar a terceira fase do plano de investimento de revitalização do Museu Nacional, com ações de reestruturação, ampliação das exposições e melhorias na sustentabilidade financeira. Com o incêndio, o valor deveria ser aplicado na reconstrução da instituição.

No entanto, até o momento, apenas R$ 3,3 milhões foram repassados à Associação de Amigos do Museu Nacional e à Universidade Federal do Rio de Janeiro, gestora do museu. Segundo o banco, para a liberação do resto da verba, a Associação de Amigos do Museu Nacional precisa “apresentar orçamento atualizado do projeto para ter acesso ao restante dos recursos do contrato.” Procurada, a associação não esclareceu se já apresentou ou pretende apresentar o documento pedido pelo BNDES.

Atualmente, pesquisadores estão recriando parte do acervo do MN através de impressão 3D em tamanho real. Itens como a Luzia e o Bendegó foram escaneados e sua reprodução é estudada pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT), com uma equipe de pós-graduandos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O projeto já existia desde o incêndio, mas ainda faz parte dos compromissos da UFRJ com a recuperação de um patrimônio inestimável que sofreu com a falta de atenção do Setor Público.

Segundo a vice-coordenadora do núcleo de resgate do acervo, Luciana Carvalho, ainda é difícil dimensionar a proporção dos resgates ocorridos no Museu Nacional. No entanto, diversos itens já foram recuperados, como uma indumentária de guerra de um samurai, lâminas de machado da Nova Zelândia, estatuetas egípcias e outros itens. Porém, nesse primeiro ano de buscas, é possível afirmar que sobreviveram muitos mais itens do que se esperava após o incêndio em 2018.

Fotos: Crédito – Divulgação/Tânia Rego – Agência Brasil

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