Ceará
Boa Viagem pode se tornar palco da primeira mina de diamantes do Ceará

O município de Boa Viagem, no Sertão Central, pode entrar para a história como sede da primeira mina de diamantes do Ceará. A Agência Nacional de Mineração (ANM) autorizou a exploração de uma extensa área de pesquisa, que se estende por quase dois mil hectares afastados da zona urbana, com validade até 2028. O trabalho é conduzido pela H C Mineração Ltda, que recebeu em janeiro de 2025 o aval para investigar a presença de diamantes industriais no subsolo da região.
A decisão não surgiu de improviso. O pedido de pesquisa foi protocolado em 2024, e a empresa já vinha monitorando indícios de ocorrência de minerais no local. A autorização agora abre caminho para estudos técnicos e sondagens mais profundas, que deverão determinar se o terreno realmente tem potencial de produção em escala. O que se procura não são diamantes destinados ao mercado de luxo, mas pedras voltadas para uso industrial, empregadas em cortes de precisão e equipamentos de alta resistência.
Apesar da expectativa, a simples concessão não garante que Boa Viagem verá uma mina em funcionamento. O processo ainda depende de comprovar a viabilidade econômica, ambiental e social da exploração. Isso inclui desde análises detalhadas da qualidade das pedras até o impacto em comunidades próximas, passando por exigências de licenciamento ambiental e avaliação da infraestrutura disponível para suportar o empreendimento.
O histórico de mineração no Ceará mostra que oportunidades existem, mas raramente avançam com velocidade. O estado já foi apontado como promissor em minerais como cobre e cobalto, além de gemas como turmalina e ametista, mas esbarra na falta de mapeamento geológico detalhado e de investimentos consistentes para transformar potenciais em projetos concretos. Nesse sentido, a pesquisa em Boa Viagem é vista como um passo inicial, mas não necessariamente como garantia de um futuro polo diamantífero.
A área definida para estudo fica afastada da sede do município, reduzindo a chance de conflitos diretos com moradores, mas isso não elimina desafios. O transporte, a logística e a necessidade de energia elétrica confiável são pontos centrais para qualquer plano de lavra. Sem isso, mesmo uma reserva promissora pode acabar abandonada. Além disso, o debate sobre como compensar a cidade e a população local tende a ser inevitável caso se confirme a existência de diamantes em volume relevante.
Especialistas lembram que, no Brasil, a mineração de diamantes sempre teve peso econômico expressivo, mas também um histórico de pressões sociais e ambientais. Minas em outros estados já enfrentaram embargos por degradação de rios e disputa de terras, fatores que hoje são monitorados de forma mais rígida. Para Boa Viagem, isso significa que qualquer avanço dependerá de transparência, cumprimento da legislação e garantias de retorno efetivo para a região.
Outro ponto em análise é a demanda do mercado. O segmento de diamantes industriais cresce, mas enfrenta concorrência com alternativas sintéticas, que muitas vezes têm custo mais baixo e aplicação semelhante. Isso significa que, mesmo que o subsolo cearense confirme a existência das pedras, será preciso mostrar competitividade diante de fornecedores já consolidados em outras partes do mundo.
Do ponto de vista político, a notícia pode movimentar o debate sobre o papel do Ceará no setor mineral. Até hoje, o estado é mais associado à produção de calcário, granito e rochas ornamentais. Se a pesquisa se confirmar, o Sertão Central pode assumir protagonismo em um segmento inédito, atraindo investimentos externos e exigindo políticas públicas específicas para lidar com mineração de maior porte.
Na prática, os próximos anos serão decisivos. Até 2028, a empresa responsável precisa entregar relatórios técnicos à ANM, indicando se a jazida é economicamente explorável. Só então poderá solicitar a concessão de lavra e avançar para uma operação efetiva. Caso contrário, a autorização expira e o projeto é encerrado, sem que a mina saia do papel.
Enquanto isso, Boa Viagem acompanha o desenrolar com expectativa. Se tudo avançar, o município pode ser lembrado como pioneiro na mineração de diamantes no Ceará. Mas se os obstáculos técnicos, ambientais e de mercado prevalecerem, a cidade terá apenas registrado mais uma tentativa frustrada de transformar potencial mineral em realidade econômica.
Brasil
Teste de rotina no SUS vai buscar sinais de autismo em crianças pequenas

Crianças de 16 a 30 meses de idade que são atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) passarão a ser avaliadas por meio de um teste de triagem durante as consultas regulares. A iniciativa faz parte de uma nova “linha de cuidado” publicada pelo Ministério da Saúde em setembro de 2025.
O que vai mudar
Atualmente, o que era usado em alguns casos ou quando havia suspeitas torna-se obrigatório: o M-Chat, um questionário simples que avalia indicadores de desenvolvimento, agora passará a integrar a rotina dos profissionais da atenção primária (postos de saúde, equipes de saúde da família).
O objetivo dessa mudança é antecipar a identificação de atrasos no desenvolvimento — inclusive sinais que podem indicar autismo — para que intervenções e estímulos possam começar cedo, antes mesmo de um diagnóstico formal.
Quando começa e quem fará
A partir deste ano (2025), o questionário já deve começar a ser aplicado. Em Fortaleza, por exemplo, as 559 equipes de saúde da família espalhadas pelos 134 postos de saúde estão em processo de capacitação para usar essa nova linha de cuidado.
No Ceará, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) coordena o suporte técnico e formação dos profissionais da atenção primária, em especial enfermeiros — que fazem o acompanhamento de rotina (puericultura) das crianças.
O que acontece durante a triagem
Quando uma criança estiver no intervalo de idade entre 16 e 30 meses, o profissional vai aplicar o questionário M-Chat. O resultado indicará se:
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a criança pode seguir sendo acompanhada normalmente pela atenção básica — ou
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precisa de avaliação mais especializada.
Se for constatado que há indícios de atraso ou risco, a criança poderá ser encaminhada para centros de referência especializados. Em Fortaleza, o novo Centro de Diagnóstico Espaço Girassol, inaugurado em agosto de 2025 no bairro Edson Queiroz, será um desses locais de referência.
Caso não haja necessidade de encaminhamento, o acompanhamento segue no âmbito local, com estímulo precoce nos Núcleos de Desenvolvimento Infantil.
Preparação e apoio
Como a implantação depende dos municípios, o Estado dá apoio técnico para que os profissionais saibam usar a ferramenta corretamente. A capacitação está sendo intensificada entre enfermeiros e equipes envolvidas na atenção primária.
Também estão sendo previstas ações para orientar os pais — porque o apoio familiar e estímulos no dia a dia têm papel fundamental no desenvolvimento.
A saúde pública do Ceará reconhece que a demanda é grande. É preciso não apenas detectar cedo, mas oferecer não só diagnóstico, mas terapias que acompanhem essas crianças ao longo da vida.
Ceará
Suspensão de 25 linhas em Fortaleza provoca temor de demissões e caos no transporte

Trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza vivem incerteza desde que o Sindiônibus anunciou, sem aviso prévio à Etufor, a suspensão de 25 linhas de ônibus. A decisão pegou de surpresa motoristas, cobradores e usuários, que agora se veem diante do risco de cortes de pessoal e de sobrecarga no serviço.
Desde o encerramento das atividades da empresa Santa Cecília, em agosto, o setor já vinha fragilizado. Com o anúncio das suspensões, estima-se que até 500 empregos possam ser perdidos. Aqueles que permanecerem terão de enfrentar jornadas mais intensas, menos tempo de descanso e ônibus ainda mais lotados — um cenário que compromete o funcionamento e a segurança do sistema.
Na esfera institucional, a Etufor afirma que não autorizou nem foi consultada sobre as alterações. Do outro lado, o Sindiônibus defende que o corte de rotas é uma medida necessária diante de um déficit mensal estimado em R$ 7 milhões, valor que ultrapassaria os repasses já feitos pela Prefeitura. Atualmente, a gestão municipal investe cerca de R$ 16 milhões por mês no transporte coletivo, além de um reforço recente de R$ 2,5 milhões. Ainda assim, para as empresas, esses recursos não seriam suficientes para manter o equilíbrio das contas.
Enquanto isso, usuários enfrentam o impacto direto: rotas que ligam importantes bairros como Papicu, Aguanambi e Messejana foram interrompidas abruptamente. Sem aviso, muitos perderam acesso a trajetos fundamentais para estudar, trabalhar ou se deslocar na cidade.
O Sintro anunciou mobilização nos terminais de integração para dialogar com a categoria, cobrar explicações e pressionar por alternativas. Será oficiada a Prefeitura e o Sindiônibus para que se esclareça a situação e sejam apresentados caminhos viáveis para evitar o colapso do transporte. Até lá, motoristas e cobradores seguem imersos na angústia de perderem sua fonte de renda e verem seus direitos reduzidos, enquanto a população paga o preço da disputa entre empresas e poder público.
Linhas de ônibus suspensas
As linhas que deixarão de operar — segundo comunicado do Sindiônibus — são:
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014 – Rodoviária / Aguanambi 2
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020 – Campus do Pici
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022 – Jardim das Oliveiras / Centro
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081 – Conjunto Ceará / Antônio Bezerra 2
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091 – Expresso / Antônio Bezerra / Parangaba
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097 – Antônio Bezerra / Siqueira
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106 – Floresta / Centro
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200 – Antônio Bezerra / BRT / Centro
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217 – Estação / Pio Saraiva 2
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302 – Rodolfo Teófilo / José Bastos / Centro
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307 – Parangaba / Itaoca / Jardim América / Centro
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352 – Solar das Águas / Green Park / Parangaba
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374 – Aracapé / Centro
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400 – Osório de Paiva / Siqueira
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404 – Aeroporto / Rodoviária / Benfica / Centro
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501 – Bairro de Fátima / Rodoviária / Centro
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513 – Parangaba / UECE / Luciano Carneiro
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614 – Curió / Terminal Washington Soares / Messejana
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633 – Passaré / Centro
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653 – Santa Fé / Messejana
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668 – Parque Betânia / Messejana
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701 – Parque Americano / Centro
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835 – Papicu / Câmara Municipal / Defensoria
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903 – Papicu / Varjota / Centro
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1310 – Siqueira / Hospital Universitário do Ceará
Brasil
José Airton une fé e política na luta contra a desigualdade: da inspiração de Padre Júlio Lancellotti ao Ceará Sem Fome

José Airton une fé e política na luta contra a fome: do legado do PT ao Ceará Sem Fome
O Brasil conseguiu uma vitória histórica ao sair novamente do Mapa da Fome da ONU, resultado das políticas sociais implementadas pelo governo do presidente Lula. O aumento no valor do bolsa família, a valorização do salário mínimo e os investimentos em programas de segurança alimentar devolveram dignidade a milhões de famílias. Esse feito recoloca o país como referência internacional na luta contra a desigualdade, reacendendo conquistas que haviam sido perdidas nos últimos anos.
Nesse contexto, o deputado federal José Airton (PT-CE) esteve recentemente com Padre Júlio Lancellotti, que visitou Fortaleza. Símbolo nacional da defesa das pessoas em situação de rua, Padre Júlio trouxe sua mensagem de solidariedade e resistência, reforçando a ideia de que fé e política podem caminhar lado a lado quando o desafio é proteger vidas e assegurar direitos. Para o parlamentar, a presença do sacerdote na capital cearense representou um chamado à ação concreta contra a fome.
Em depoimento, a esposa de José Airton, Ilana, descreveu o impacto de estar diante de Padre Júlio como um “rasgo no coração”, lembrando que solidariedade não pode ser apenas discurso, mas precisa se transformar em ação. A frase resume a trajetória do deputado, que sempre defendeu que indignar-se com a desigualdade é apenas o primeiro passo — o essencial é enfrentá-la com políticas públicas de alcance real.
Padre Júlio é hoje um testemunho vivo de dedicação aos pobres, comparado por muitos ao espírito de São Francisco de Assis. Ao lado dele, em Fortaleza, José Airton reafirmou sua missão de representar um projeto político que já mostrou ser capaz de garantir alimentação, dignidade e cidadania ao povo brasileiro. Mais que um encontro, o gesto simbolizou a convergência entre fé e ação política em defesa dos mais vulneráveis.
No Ceará, essa bandeira se materializa no programa Ceará Sem Fome, uma das maiores iniciativas estaduais de segurança alimentar em andamento no país. O projeto reúne 19 secretarias, entidades sociais e milhares de agentes voluntários para assegurar que nenhuma família fique sem o básico. José Airton tem atuado como apoiador e articulador do programa, fortalecendo a rede de solidariedade que alcança todos os municípios cearenses.
Entre as ações previstas, está a segunda edição do Festival Ceará Sem Fome, em outubro, que trará seminários, exposições, manifestações culturais e uma corrida simbólica em Fortaleza. Para José Airton, a mobilização mostra que combater a fome também é celebrar a vida, envolvendo toda a sociedade em um objetivo comum que vai além da política institucional.
No Congresso Nacional, o deputado defende o aumento dos investimentos em segurança alimentar, o fortalecimento da agricultura familiar e a ampliação dos programas de renda. Sua atuação busca conectar a experiência cearense ao debate federal, garantindo que práticas locais sirvam de modelo para o Brasil. Ele defende que restaurantes populares, cozinhas comunitárias e distribuição de cestas básicas sejam integrados a projetos de emprego e geração de renda, formando um ciclo sustentável de combate à miséria.
Para José Airton, a mobilização social é parte essencial desse processo. Ao lado de entidades comunitárias e agentes populares, ele defende que a transformação não acontece apenas com decretos, mas também com participação direta da sociedade. Essa visão dialoga com o exemplo diário de Padre Júlio, que faz da presença nas ruas um ato de resistência e cuidado.
Com a convicção de que a fome é inadmissível em um dos maiores produtores de alimentos do planeta, José Airton reafirma seu compromisso de seguir defendendo políticas que garantam comida no prato e dignidade às famílias. Ao lado de Padre Júlio Lancellotti, em Fortaleza, traduz em imagem e gesto uma aliança simbólica: a de quem acredita que fé e política, juntas, podem sustentar a luta permanente contra a desigualdade.
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Brasil2 dias atrás
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Brasil2 dias atrás
Fachin assume presidência do STF com foco em direitos e fortalecimento institucional
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